MOVIMENTO NACIONAL DIGA NÃO À LEISHMANIOSE, O CÃO NÃO É NO VILÃO!

LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA NO BRASIL

A Leishmaniose Visceral Canina é uma doença que vem se alastrando pelo Brasil e provocando a morte de milhares de cães. O pior é que mesmo matando os cães de forma indiscriminada o governo brasileiro não consegue deter o seu avanço.

Mas,

O que é Leishmaniose Visceral Canina?

1. É uma doença provocada pelo protozoário Leishmania infantum que além dos cães, afeta também o ser humano e outros mamíferos;

2. A L. infantum é transmitida pela picada de um inseto conhecido como flebotomíneo (mosquito palha) infectado;

3. Os hospedeiros da L. infantum reconhecidos em trabalhos científicos são canídeos silvestres, cão, humanos, gato, gambás, roedores, bovinos, entre outros.

Estas informações básicas deveriam servir como ponto de partida para a construção de uma política de saúde que priorizasse a vida dentro de uma comunidade, zelando pela saúde de todos, inclusive dos animais e do meio ambiente.

Estudos, pesquisas e ações deveriam ser direcionadas para a prevenção da infecção e doença, através do controle dos flebotomíneos, a vacinação dos cães não infectados, o uso de repelentes e o diagnóstico precoce e tratamento dos doentes.

Nem sempre o lógico acontece em nosso país...

Segundo o protocolo do Ministério da Saúde, ao ser notificado um caso de leishmaniose visceral humano, a Vigilância em Saúde deve seguir as seguintes recomendações como medidas de controle da doença:

- Medidas de Controle

- Orientações dirigidas para o diagnóstico precoce e tratamento adequado dos casos humanos.

- Orientações dirigidas ao controle do vetor.

- Orientações dirigidas ao controle do reservatório canino.

Mas ... como o Brasil enfrenta as leishmanioses?

Em nosso país, ao ser constatada a leishmaniose visceral humana, a primeira medida adotada é o recolhimento e extermínio massivo de cães, tanto daqueles que vivem em nas ruas, quanto os domiciliados e semi domiciliados.

Os métodos diagnósticos utilizados para detecção dos animais infectados ou doentes, não são precisos, podendo ocorrer reações cruzadas com outras infecções e doenças comuns aos cães . Exames confirmatórios da presença do protozoário em cães não são realizados, o que significa que o extermínio é realizado em cães infectados, doentes e não infectados ... basta ser cão.

Milhares de cães supostamente infectados são mortos indiscriminadamente por ano nos Centros de Controle de Zoonoses em todo o país e medidas de prevenção não são cogitadas. Limpeza, dedetização, eliminação dos flebótomos, utilização de repelentes e vacinação dos cães contra a doença, são refutados sob argumentos político-financeiros.

Os produtos preventivos como as vacinas e a coleira contendo inseticida (deltametrina 4%), indicada até mesmo pela Organização Mundial de Saúde para o controle da leishmaniose visceral, não são adotadas pelos serviços públicos e, além disso, sofrem taxações de impostos que os encarecem e os tornam inviáveis para grande parte da população.

ACRESCENTARÍAMOS:

A "vilanização "do cão leva a representações falsas e práticas equivocadas sobre a doença, tais como :

- A crença de que há contágio direto a partir dos cães

- A crença de que é necessário "optar"entre ter animais vs. a saúde das crianças

- O aumento do abandono de animais supostamente infectados

- A crença de que, livrando-se dos cães, as pessoas estão a salvo da Leishmaniose, embora os flebótomos sigam no ambiente.

- A matança de animais adultos supostamente infectados e a reposição por animais mais jovens, muitas vezes mais vulneráveis a contrair a doença.

Não existe campanha sistemática de educação em saúde no Brasil e em relação à leishmaniose visceral não existe investimento público em educação e esclarecimento da população sobre as formas de prevenção e controle. Os órgãos públicos se contentam em matar cães, não permitir o tratamento dos animais e sempre alegar questões financeiras para o investimento necessário no controle dessa endemia.

O mundo trata e o Brasil mata, até quando?

Será que somente o Brasil tem razão e os outros países estão errados?

O MOVIMENTO DIGA NÃO À LEISHMANIOSE, O CÃO NÃO É O VILÃO!

DENUNCIA:

O DESAMPARO DA POPULAÇÃO CARENTE E O EXTERMÍNIO INÚTIL DE CÃES, ATESTAM A FALTA DE SERIEDADE E INTERESSE DO PODER PÚBLICO NO COMBATE À LEISHMANIOSE VISCERAL NO BRASIL.

FORMAS PARA PREVENIR E CONTROLAR A LEISHMANIOSE

Medidas contra o mosquito transmissor:

O “Mosquito Palha”, transmissor da Leishmaniose, se reproduz em locais com muita matéria orgânica em decomposição (folhas, frutos caídos, troncos apodrecidos, mata muito densa, lixo

acumulado, fezes de animais) e sai para alimentar-se (picar) ao final do dia e durante à noite.

Portanto, recomenda-se:

- Evitar acúmulo de lixo em casa. Não jogar lixo em terrenos vazios.

- Manter o quintal ou jardim sempre limpo, bem capinado e livre de fezes de cachorro ou fezes de qualquer outro animal ( gatos, suínos, cavalos, galinhas, coelhos, etc ), acúmulo de folhagens e restos de alimentos.

- Usar repelentes ou inseticidas no final da tarde ou cultivar ao redor da casa plantas com ação repelente (Citronela ou Neem).

Medidas para proteger o seu cão:

Vacinar seu animal anualmente com vacinas especificas para Leishmaniose.

Usar coleiras impregnadas com inseticidas (deltametrina a 4%) que devem ser trocadas a cada seis meses ou produtos tópicos “spot on” que devem ser reaplicados mensalmente ou conforme indicação do fabricante.

Colocar telas de malha bem fina no canil ou utilizar plantas com ação repelente (Citronela ou Neem).

Manter o abrigo do seu cão sempre limpo, sem fezes ou restos de alimento.

Evitar sair para passear com o seu cachorro entre o pôr-do-sol e o amanhecer.

PREVENIR É O MELHOR REMÉDIO PARA COMBATER A LEISHMANIOSE VISCERAL.

É PRECISO REPELIR E ELIMINAR O INSETO TRANSMISSOR!

Se você suspeitar que seu animal esteja com Leishmaniose, não tome nenhuma decisão antes de consultar o médico veterinário. Nunca abandone seu animal na rua, pois, se ele estiver doente, permanecerá sendo uma fonte de infecção para o mosquito transmissor e o ciclo de transmissão da doença continuará. É neste momento que seu melhor amigo precisa mais de você.

Existem medidas preventivas que podem ajudar seu cão e sua família.

PROCURE SEMPRE O MÉDICO VETERINÁRIO. ELE LHE DARÁ TODAS AS ORIENTAÇÕES NECESSÁRIAS!

ABAIXO ASSINADO MOBILIZAÇÃO CONTRA O EXTERMÍNIO DE CÃES COM LEISHMANIOSE:

http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N15026

Referência:

1-Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral- Ministério da Saúde

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_leish_visceral2006.pdf

2- Texto revisado pelo Dr. Vítor Márcio Ribeiro, médico veterinário, PhD em parasitologia, especialista em Leishmaniose. Atua em pesquisas nas áreas de leishmaniose visceral canina e felina.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Scooby agradece a todos que o ajudaram!


“Até hoje nós vemos os trópicos através do espelho do Norte. Nós conhecemos a Índia pelo que é publicado na imprensa europeia, ou seja, pelas percepções culturais dos europeus”, aponta o médico.

“Até hoje nós vemos os trópicos através do espelho do Norte. Nós conhecemos a Índia pelo que é publicado na imprensa europeia, ou seja, pelas percepções culturais dos europeus”, aponta o médico.

Confira a entrevista. 

Para compreender a c
rescente proliferação das doenças tropicais, é fundamental “estudar a saúde nas favelas e nas grandes cidades tropicais. Esse é um passo importante a ser dado para compreendermos esse problema, que é gravíssimo, mas que ainda não temos conhecimento da sua dimensão”, assinala o médico e professor da Universidade Federal do Piauí, Carlos Costa à IHU On-Line, em entrevista concedida por telefone. Segundo ele, embora ainda não seja possível identificar o que “está por trás dessa proliferação das doenças tropicais”, sabe-se “que esse fenômeno está de certo modo relacionado com a superpopulação”.

Costa enfatiza que as doenças tropicais estão diretamente relacionadas com as más condições de saneamento básico nas comunidades e com a precarização da vida urbana. Em sua avaliação, a globalização econômica não favoreceu “uma globalização social, porque o capital procura ambientes em que exista mão de obra mais barata para se desenvolver, e não considera as condições de vida das pessoas e dos trabalhadores. Como o Estado não taxa as empresas, ele não arrecada. Nesse processo de globalização, a arrecadação é restrita à indústria, que oferece emprego, mas o Estado não tem condições de proteger as populações. Essa é a raiz do 'enfavelamento' e também, de certo modo, da proliferação de algumas doenças”.

Também em sua avaliação, Costa diz que a erradicação das doenças perpassa pelo desafio de os países tropicais superarem a dependência das indústrias farmacêuticas dos países do Norte, que têm uma ótica “assistencialista”, e tampouco se preocupam em “erradicar o problema principal, que é a pobreza”. “Está na hora de reverter esse quadro. Brasil, Índia, Austrália, Arábia Saudita e México já têm riquezas suficientes para fazer um grande consórcio de pesquisa voltado para essas doenças e liderar a pesquisa da malária, da leishmaniose, da dengue”, salienta.

Carlos Henrique Nery Costa é médico, formado pela Universidade de Brasília – UnB. É mestre em Medicina Tropical e doutor em Saúde Pública Tropical pela Harvard University. É professor da Universidade Federal do Piauí, médico do Instituto de Medicina Tropical Natan Portella, e Presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – O que são as doenças tropicais e quais estão em maior evidência no país?

Carlos Henrique Nery Costa (foto) – As doenças tropicais têm uma definição bastante ampla, tratando-se de doenças que ocorrem exclusivamente ou, com mais frequência, nos trópicos ou onde não foram devidamente controladas. Entre as doenças tropicais mais importantes hoje em dia, destaca-se a Aids, surgida na África. Entre as doenças tropicais existem outras muito sérias como a tuberculose, ligada às condições precárias nas grandes cidades e nas favelas. Por outro lado, ao contrário da Aids e da tuberculose, a malária é uma doença rural, transmitida por mosquitos, e hoje está restrita aos trópicos. Essa é uma doença gravíssima que, na África, por exemplo, ainda mata milhares de crianças. Outra importante doença tropical reemergente nos trópicos é o cólera, uma doença que se desenvolve onde não existe saneamento básico adequado ou onde a vulnerabilidade das pessoas é muito grande. As principais epidemias por conta dessa doença ocorrem no Haiti, na Índia e na África, ao sul do Saara. Mais de 10 mil pessoas morreram de cólera nos últimos dois anos no Haiti. Existem outras doenças, como a de Chagas, que é uma doença brasileira, a febre amarela, a leishmaniose, a verminose, que proliferam entre populações em situação de vulnerabilidade, geralmente aquelas abandonadas pelo Estado.

IHU On-Line – Alguns pesquisadores evidenciam que o mundo vive uma transição epidemiológica de muitas doenças que estão deixando as áreas rurais e se urbanizando. Em que consiste essa transição e por quais motivos ela está acontecendo?

Carlos Henrique Nery Costa – Entre o final do século XIX e início do século XX, quando a Inglaterra era uma potencia colonial, além da independência dos países da África e da Ásia, houve uma grande diáspora rural, o que aconteceu mais cedo nos países desenvolvidos, depois na Índia, no sudeste da Ásia, na China e, posteriormente, de forma exuberante, na África. Só que, além do processo de atração das migrações, como acesso a emprego, outros fenômenos acompanharam esse processo de urbanização: nos anos 1980 os países em desenvolvimento tiveram um crédito provisório e depois tiveram uma cobrança monetária, que deu origem, por sua vez, à crise no Terceiro Mundo. Posteriormente, o que arruinou a África foi a revolução verde, iniciada pela descoberta dos fertilizantes químicos. Mas mais importante do que isso foi o fato de os países desenvolvidos começarem a subsidiar fortemente a agricultura, porque dispunham de uma produção tecnológica avançada. A partir do momento em que os produtos agrícolas começaram a entrar no terceiro mundo, a agricultura de subsistência ficou mais cara, as pessoas passaram a perder qualidade de vida e deram início a um processo de migração para as cidades. Com esse processo migratório, o cenário das doenças tropicais mudou da zona rural empobrecida para as cidades, e surgiram novas doenças, como Aids, tuberculose, cólera, malária urbana e leptospirose. Pode-se dizer que houve uma série de fenômenos de natureza econômica, geopolítica, social e cultural que levaram as populações para as cidades. Ocorre que esse processo migratório gerou um excedente populacional, que não encontrou local de habitação adequada. Evidentemente, as pessoas mais pobres foram abandonadas pelo Estado e passaram a se aglomerar em favelas. Para se ter ideia, ainda hoje de 10 a 15% da população brasileira vive em favelas. Na África e na Ásia, esse percentual deve ser ainda maior. Esse é um cenário novo que os países dos trópicos têm de encarar.

IHU On-Line – Por que doenças como a febre amarela, que já se considerava erradicada, encontram terreno fértil para se desenvolverem nas favelas e grandes centros urbanos?

Carlos Henrique Nery Costa – Alguns fenômenos nós ainda não compreendemos. Entre o ressurgimento de novas doenças tropicais, o mais surpreendente é a urbanização do calazar. Essa doença entrou no Brasil na década de 1980, nas cidades de Teresina e São Luís, onde surgiram epidemias que se espalharam para o resto do país. 90% dos casos de calazar no Brasil são oriundos da zona rural do Nordeste. A doença também se espalhou para cidades do Sudeste e Centro-Oeste, como São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, São Borja (Rio Grande do Sul) e parece que está chegando a Uruguaiana em breve, e possivelmente em Buenos Aires, também.

Ainda não sabemos o que está por trás dessa proliferação das doenças tropicais, mas sabemos que esse fenômeno está de certo modo relacionado com a superpopulação. Veja o caso das favelas: elas são habitadas por dezenas de pessoas que vivem em um mesmo ambiente. Então, doenças como tuberculose proliferam em ambientes em que as pessoas estão mais vulneráveis, onde não há saneamento básico. As doenças infecciosas também estão nesses lugares. Por exemplo, a leptospirose é uma doença que ocorre no mar, por causa da urina dos ratos, mas na época das chuvas, ela se espalha nas favelas.

IHU On-Line – Muitos pesquisadores enfatizam que, sem reduzir as desigualdades sociais, o Brasil não resolverá o problema das doenças tropicais. Que relações estabelece entre a proliferação de doenças e as más condições de saneamento básico? Em que medida as melhorias no saneamento também representam a prevenção destas doenças?

Carlos Henrique Nery Costa – É surpreendente como o Brasil não se interessa por questões fundamentais da vida social, como ainda não existem no país escolas públicas de turno integral, por exemplo. Por que o Estado ainda delega ao traficante a gestão das favelas, e por que não saneia esses ambientes? As populações que vivem nesses locais são completamente marginalizadas pelo Estado.

Por que razão o Estado não investe e não melhora as condições de saneamento, não sei. Realmente existe um excedente populacional, que a economia industrial não foi capaz de absorver. Não existe emprego para todos, e o Estado não é forte o suficiente para proteger a população e reverter esse quadro. Mas essa não é a realidade apenas do Brasil. Acontece também em Jacarta, na Indonésia, em Nairóbi, no Quênia, entre outras cidades.

Houve uma globalização econômica, mas não houve uma globalização social, porque o capital procura ambientes em que exista mão de obra mais barata para se desenvolver, e não considera as condições de vida das pessoas e dos trabalhadores. Como o Estado não taxa as empresas, ele não arrecada. Nesse processo de globalização, a arrecadação é restrita à indústria, que oferece emprego, mas o Estado não tem condições de proteger as populações. Essa é a raiz do “enfavelamento” e também, de certo modo, da proliferação de algumas doenças. O Brasil precisa investir em uma política voltada para a saúde na favela, que é um problema grave.

Além das doenças tropicais, a poluição das grandes cidades também tem gerado inúmeros problemas de saúde; os acidentes de motocicletas talvez sejam um dos problemas mais graves de saúde pública do Brasil hoje. A saúde não encara esse fato como problema de saúde pública; ela ainda delega esse caso ao trânsito, aos legisladores, aos engenheiros.

IHU On-Line – É possível diagnosticar em que estados brasileiros o saneamento básico enfrenta maiores desafios?

Carlos Henrique Nery Costa – Essa situação não está mapeada, mas sabe-se que as condições de saneamento básico são mais frágeis em regiões do Norte e Nordeste. Entretanto, nas favelas do Sul e do Centro-Oeste também inexiste saneamento, e doenças como tuberculose aparecem, porque há um ambiente tropical propício para elas se desenvolverem.

IHU On-Line – Como as doenças tropicais são abordadas no sistema de saúde brasileiro? Elas são negligenciadas?

Carlos Henrique Nery Costa – Existe um esforço para preveni-las, mas ainda são bastante negligenciadas. O conceito negligenciado surgiu nos anos 2000 a partir de uma publicação holandesa que denunciava a negligência da indústria farmacêutica com algumas doenças. As doenças negligenciadas são aquelas que ocorrem em pequenas quantidades, em países remotos, com pessoas pobres, que não participam ativamente do mercado de medicamentos. Depois, algumas pessoas começaram a falar de doenças tropicais para as populações negligenciadas, ou seja, para aproximadamente um bilhão de pessoas que vivem em situação muito precária. E, por fim, passou-se a mencionar as doenças que são pouco pesquisadas.

No Brasil, existe uma preocupação maior com duas doenças tropicais: a dengue e a leishmaniose, que é o calazar. Essas doenças continuam se expandindo e nós não temos perspectiva de controle. Estão providenciando vacinas para essas doenças, e talvez isso gere algum resultado, porque a solução tradicional, de educar as pessoas para a retirada do foco da dengue, por exemplo, não tem funcionado. O calazar é ainda pior, porque, além de matar mais pessoas por ano – entre 200 e 250 –, segue inexorável a despeito de qualquer medida de saúde pública. Matam-se os cães contaminados para tentar controlar a expansão da doença. Embora isso tenha sido eficaz, não foi capaz de erradicá-la.

Tem havido um esforço para erradicar as doenças tropicais, mas ele ainda é muito tímido, comparado com a China, por exemplo, que se livrou desse problema de saúde pública há 40 ou 50 anos. O Brasil continua sendo uma nação negligente com seu próprio povo; uma nação rica com o povo pobre. O investimento em saneamento, educação e outros benefícios sociais acabariam resultando na prevenção dessas doenças.

Os médicos estão razoavelmente treinados para lidar com as doenças tropicais, mas enfrentam outros problemas, como a fragilidade da terminalidade do SUS, que é a atenção médica. Como o Estado é fraco, não existe uma política de excelência, não existe uma política de integridade. Então, o que prolifera é a negligência do serviço público, que se manifesta através da fragilidade de diagnósticos, a realidade do tratamento etc.

IHU On-Line – E o fato do SUS ter uma política tímida de prevenção à saúde também contribui para a proliferação dessas doenças?

Carlos Henrique Nery Costa – Geralmente, a qualidade da vacinação está bem montada no Brasil, e a rede de vacinação funciona bem. Mas ainda faltam vacinas para doenças complexas, como malária, a doença de chagas, leishmaniose, dengue – para esta parece que terá em breve uma vacina. Se tivéssemos as vacinas, seria mais fácil intervir na área da saúde sem mexer nas condições sociais. As doenças que podem ser prevenidas com a vacinação estão controladas, como a varíola, a hepatite e a meningite.

IHU On-Line – É possível estimar qual o índice de mortalidade por conta das doenças tropicais?

Carlos Henrique Nery Costa – Depende da doença. Os índices de morte por causa da doença de chagas e da esquistossomose continuam altos. O índice de mortalidade por causa do calazar é de 5 a 10%, mesmo com o diagnóstico feito e a doença tratada. Não tenho ideia de quantas pessoas morrem, porque ninguém conhece de fato a realidade das favelas. A discussão que estamos promovendo das doenças tropicais voltada para as cidades ainda encontra muita resistência, porque quase todos os médicos são treinados a tratar doenças infecciosas e parasitárias. Os médicos não sabem lidar com outros fatores externos, como a violência que também gera problemas de saúde. Por isso é importante desenvolver um trabalho com as diversas especialidades médicas em conjunto com os urbanistas, sociólogos, arquitetos, antropólogos para colocarmos em discussão as doenças tropicais que predominam nas favelas. É isto o que estamos propondo para a Sociedade Brasileira para o Progresso e a Ciência – SBPC: estudar a saúde nas favelas e nas grandes cidades tropicais. Esse é um passo importante a ser dado para compreendermos esse problema, que é gravíssimo, mas que ainda não temos conhecimento da sua dimensão.

IHU On-Line – Como as doenças tropicais são abordas em outros países? Além do Brasil, onde mais podemos perceber a proliferação dessas doenças?

Carlos Henrique Nery Costa – A Aids é um exemplo de como as doenças tropicais se proliferaram. Os países desenvolvidos, de modo geral, reagem com muita tecnologia e conhecimento. Doenças como a de Chagas, que é recorrente em cidades do interior, migraram da América Latina para os EUA e a Espanha junto com os trabalhadores. Geralmente, a transmissão acontece através da doação de sangue contaminado. Como nesses países não existe a triagem para a doença de Chagas, porque ela é uma doença característica do Brasil, acaba-se criando um grande problema de saúde pública nos países devido à transmissão da doença. A tuberculose também voltou a crescer depois da Aids.

Os países ricos lidam com as doenças tropicais através da ação das indústrias farmacêuticas. A ótica deles é assistencialista, ou seja, não é uma ótica de erradicação do problema principal, que é a pobreza, situação que é causada pela política econômica internacional. Por isso eles não enxergam os problemas oriundo dessa situação econômica, não comentam e nem gostam de comentar.

IHU On-Line – Quais os maiores desafios do Brasil para erradicar as doenças tropicais?

Carlos Henrique Nery Costa – O Brasil por ser, em minha opinião, o mais proeminente das nações tropicais, por ser a maior nação tropical, o quinto maior país do mundo e por ter um parque tecnológico razoavelmente desenvolvido, apesar das precariedades, tem condições de liderar a investigação e o combate das doenças tropicais no mundo. Até agora, todo o conhecimento a respeito das doenças tropicais é oriundo do Norte. As descobertas em relação aos tratamentos vêm dos países ricos, juntamente com a ótica deles, lógico, de consumir medicamentos.

Mas está na hora de reverter esse quadro. Brasil, Índia, Austrália, Arábia Saudita e México já têm riquezas suficientes para fazer um grande consórcio de pesquisa voltado para essas doenças, liderar a pesquisa da malária, da leishmaniose, da dengue. Esses países têm condições de estabelecer políticas que sejam realmente eficazes para os planos urbanos. O Brasil pode liderar as políticas para lidar com as favelas e criar novos mecanismos de combate à Aids. O país pode aparecer pela sua proeminência e unificar os trópicos dando uma unidade cultural e climática a eles. Essa reapropriação dos trópicos por tropicais é fundamental. Até hoje nós vemos os trópicos através do espelho do Norte. Nós conhecemos a Índia pelo que é publicado na imprensa europeia, ou seja, pelas percepções culturais dos europeus.

Um dos aspectos mais agravantes é não só a distância entre os centros produtores de ciência e tecnologia, mas principalmente a “inapropriedade” das criações biotecnológicas do Norte, que são aplicadas nos trópicos. Temos de priorizar os nossos problemas a partir da nossa ótica e tentar encontrar soluções adequadas para a nossa realidade. No reviver e renascer dos trópicos, a partir de uma conjunção de todos os trópicos, poderemos resolver vários problemas nas diversas áreas (saúde, agricultura, arquitetura etc.).





Scooby, o cão em tratamento em Campo Grande/MS








terça-feira, 21 de agosto de 2012

Scooby , o cão de Campo Grande com leishmaniose que trata.



Autor:Comunicação CRMV/MS
21/08/2012 15:30:00
Scooby está bem! Presidente do CRMV-MS acompanha tratamento do cão com leishmaniose


Durante audiência com o prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho, ocorrida no último dia 6 de agosto, a presidente do CRMV-MS, Sibele Cação, solicitou informações quanto à localização do estabelecimento veterinário onde o cão Scooby está sendo tratado e a identificação da médica veterinária responsável pelo seu tratamento. Segundo informou o prefeito, a médica veterinária em questão pediu sigilo sobre a localização do cão, argumentando que o conhecimento público de seu paradeiro traria transtornos tanto para o animal quanto para seu estabelecimento.



Diante desta situação, a presidente do Conselho firmou compromisso com o prefeito de não divulgar a localização do animal, porém, tendo conhecimento de seu paradeiro, poderá acompanhar pessoalmente todo o tratamento.
“É importante termos conhecimento de todas as condições de tratamento que estão sendo dadas ao Scooby, pois neste momento ele representa o exemplo concreto do que nós estamos defendendo há tempos, de que o tratamento, quando bem aplicado, resulta na cura clínica do animal, não colocando o ser humano em risco, pois outros dispositivos são utilizados, além da administração de medicamentos, como o uso de coleira repelente contra o flebótomo, verdadeiro transmissor da doença”, afirma Sibele Cação.



A presidente do Conselho já fez duas visitas ao Scooby, oportunidade em que conversou longamente com a veterinária responsável pelo seu tratamento. “Visitei o Scooby primeiramente no dia 8 de agosto, e hoje (21/08) fiz a segunda visita. Ele está respondendo muito bem ao tratamento, está alegre e brincalhão. O protocolo que está sendo utilizado foi devidamente publicado em revista científica, o que nos deixa tranquilos em relação ao tratamento aplicado no cão. Continuarei fazendo visitas ao Scooby a cada quinze dias, além de ter sob minha guarda cópias de todos os exames, prontuário, receitas e relatórios emitidos pela veterinária, como forma de acompanhar todos os procedimentos dispensados ao animal”, concluiu Sibele.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

TUTORA CHORA AO ENTREGAR CACHORRA PARA O CCZ EM CAMPO GRANDE/MS.




Volta Redonda/RJ realiza manifestação a favor de cães

Publicada em 17 de agosto de 2012 - 16 h 42 
Leishmaniose: Volta Redonda realiza manifestação a favor de cães 


Manifestação pacífica e informativa sobre a doença acontece em Volta Redonda neste domingo 

Volta Redonda receberá no próximo domingo, dia 19, às 10h, uma manifestação pacífica e informativa sobre a Leishmaniose Visceral. O ato acontecerá no Memorial Getúlio Vargas, e faz parte do movimento nacional “Diga não à Leishmaniose: o cão não é o vilão”.

A leishmaniose visceral é uma doença infecciosa que acomete cães e humanos, por meio da picada do mosquito “palha “ ou “birigui”, e a forma mais comum de controlar a doença é realizar eutanásia do cão. Segundo uma das organizadoras da manifestação, Mônica Torres, ativista da ong Planeta dos Animais (Barra Mansa), faltam campanhas do poder público que eduquem a população a respeito da doença. “Ao invés de fazerem como feito com a Dengue que tem a parte de educação através das visitas às casas e distribuição de folheto, e a parte de controle através do fumacê, no caso da Leishmaniose o Governo Federal institui a eutanásia da população canina doente com forma de controle dos focos”, declarou.

O objetivo da manifestação, segundo a presidente da Sociedade Protetora dos Animais (SPA) de Volta Redonda Carminha Marques, é informar a população que o cão não é o transmissor da doença. “O cão não transmite a doença para o homem ou para outro animal. Isso é um mito que ocasiona a morte de diversos cães sadios”, afirmou

O cão é um dos hospedeiros, e a melhor forma de prevenir a doença é mantendo quintais e jardins limpos e capinados. A manifestação é organizada pelas ongs Planeta dos Animais (Barra Mansa), Sociedade Protetora dos Animais (SPA) de Volta Redonda e a SOS Quatro Patas, de Resende.

A manifestação tem caráter pacífico, e é aberta para que a população tire dúvidas sobre a doença. Haverá distribuição de material informativo a respeito da leishmaniose.



Serviço

Manifestação pacífica e informativa sobre Leishmaniose Visceral

Leishmaniose... o cão não é o vilão!

Informação e prevenção sim! Eutanásia não!



Data: domingo, 19 de agosto

Hora: às 10 horas

Local: Memorial Getúlio Vargas, Vila Santa Cecília, Volta Redonda

http://www.folhadointerior.com.br/v2/page/noticiasdtl.asp?id=49310&t=Leishmaniose%3A+Volta+Redonda+realiza+manifesta%C3%A7%C3%A3o+a+favor+de+c%C3%A3es

"Cãominhada" em Sobral/CE alerta sobre a leishmaniose


Cãominhada´ alerta sobre a leishmaniose
18.08.2012

Moradores de Sobral levam seus cães de estimação para participar de caminhada neste sábado

Sobral A Primeira Cãominhada desta cidade será realizada hoje.

O evento será realizado pelo Grupo de Proteção Animal de Sobral (GPAS) em parceria com o pet shop Bichinho de Estimação, e tem como tema "Calazar: Será que seu bichinho é o vilão?".

As inscrições custam R$ 20,00 e serão revertidas para o grupo. O dinheiro será aplicado na ajuda direta de animais e eventos futuros.

A cidade de Sobral terá a primeira manifestação contra o calazar. Serão distribuídas sacolinhas higiênicas entre os donos. A programação contra a doença começou no dia 9 e finaliza neste sábado


De acordo com a presidente do GPAS, Laysla Frota, a Cãominhada será uma caminhada de alguns quarteirões onde os membros do grupo estarão acompanhando os tutores e animais com conversas informativas sobre a doença.

Ela diz que a ocasião faz parte da programação que vem ocorrendo desde o dia 9 de agosto, com um ciclo de palestras. "Dez de agosto foi o Dia Nacional contra a Leishmaniose.

Nossa programação iniciou com palestras no Instituto de Teologia Aplicada (Inta), no dia 9, e finalizará sábado, com a ´Cãominhada´", explica.

Materiais

A concentração será às 16 horas em frente ao Bichinhos de Estimação, onde serão distribuídas sacolinhas higiênicas entre os donos, e terminará no Arco do Triunfo.
Durante todo o percurso, haverá um carro entregando refrigerante e água, além de uma barraca no ponto de chegada.

Para os participantes que possuem animais de grande porte, a presidente aconselha que seja usada focinheira.

"Esse é outro aspecto que o grupo busca melhorar, pois a cidade ainda apresenta uma resistência muito grande quando se trata desse assunto", disse.

Laysla diz que a ideia da criação do encontro nasceu da necessidade de uma manifestação aberta, e o aniversário de dez anos do Bichinhos de Estimação.

"As palestras foram fechadas para os estudantes e profissionais da área de saúde, diferentemente da Cãominhada, que está aberta ao público em geral.

Na ocasião, tivemos duas palestrantes da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e tratamos de assuntos como vetores da doença, vias alternativas de transmissão e o papel do Centro de Controle de Zoonoses de Sobral", informa.

União

O proprietário do pet shop, Ildefonso Cavalcante, afirma que o desejo desse tipo de manifestação vinha de antes. "Há três anos eu já tinha intenção de realizar essa caminhada, mas nunca levei adiante. Como este ano o pet está comemorando dez anos e o GPAS manifestou o mesmo desejo, resolvemos juntar forças e levar adiante".

De acordo com ele, o mercado de pet shop na região vem ganhando espaço e é necessário trabalhar alguns aspectos. "Vamos aproveitar bem para instruir sobre alguns assuntos educacionais, como o recolhimento de dejetos que os animais deixam em vias públicas", disse.

Ildefonso explica também que o tutor hoje está mais exigente e isso não pode se refletir apenas no sentido comercial. "Aqui no pet, buscamos trazer novidades no sentido de beleza, de acessórios, para atender clientes que olham sites do sul do País e querem igual ou similar.

Mas o tutor deve também procurar se atualizar quanto às questões comportamentais, questões de saúde.

Pois o pet é um ser vivo que precisa de cuidado e atenção, não um objeto", finaliza. De acordo com a organização do evento, são esperadas mais de 200 pessoas para a "Cãominhada".

As inscrições podem ser feitas até momentos antes do início da caminhada.
Na ocasião, o participante ganha uma camiseta para si e uma bandana para seu pet, além de concorrer a uma coleira Scalibur, que repele o mosquito que pode transmitir o vírus para o cachorro e para o homem.

Mais Informações

Pet Shop Bichinhos de Estimação

Rua Cel. Frederico Gomes, 43 Centro, Sobral/CE
Telefone: (88) 3611.1167

FOTO: JÉSSYCA RODRIGUES

Incidência de leishmaniose em gatos preocupa CCZ de Três Lagoas


Incidência de leishmaniose em gatos preocupa CCZ


Gisele Mendes Foto: Cláudio Pereira



Gastos podem contrair a doença e passá-la para os humanos
O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Três Lagoas registra, em média, 15 eutanásias em gatos com suspeita de leishmaniose na cidade. De acordo com o médico veterinário e coordenador do CCZ, Antônio Empke, apesar de muitas controvérsias, a doença atinge também os felinos. “Os casos de leishmaniose em gatos não são muito comentados, mas, assim como os cães, eles também estão vulneráveis ao mosquito palha, transmissor da doença”, explicou.

Apesar disso, os exames que comprovam a doença vêm sendo feitos após eles serem sacrificados. “Nos cães, realizamos o teste por meio do sangue, porém, nos gatos, não há como realizar o mesmo procedimento. Isso porque o sangue do gato é diferente do sangue dos felinos”, disse.
Segundo Empke, o CCZ passou a se preocupar com os casos de leishmaniose em gatos em outubro do ano passado, quando foram identificadas as suspeitas nesses animais. Na época, 42 gatos foram sacrificados e as orelhas do lado direito foram encaminhadas à Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Botucatu. “Uma aluna do curso de medicina veterinária defendia a tese de um trabalho justamente sobre os casos da doença em gatos”, destacou.
O estudo, segundo o veterinário, veio a calhar. Foram realizados exames parasitológicos, por meio de raspagens realizadas nas orelhas dos animais. “Surpreendentemente, a doença foi confirmada em 32 bichos”, disse. O trabalho da acadêmica foi apresentado no Instituto Biológico de São Paulo, em novembro do ano passado. “Três Lagoas acabou se tornando referência em todo o país quanto à importância dada aos gatos também”, salientou.
No próximo mês, Empke viaja a Botucatu para realizar novos testes junto à Unesp, para encontrar uma maneira de realizar o teste nos animais ainda vivos. “Eu acredito que daqui para frente o próprio Ministério da Saúde vai passar a olhar diferente para os casos da doença em gatos e deverá propor exames”, disse.
SINTOMAS
Os sintomas da leishmaniose em gatos são os mesmos dos encontrados nos cães. Escamação nas orelhas e focinho, emagrecimento, queda de pelo, vômitos, apatia, febre e aumento das unhas.
CÃES
Os casos de leishmaniose canina no município também são bastante expressivos. Segundo Empke, todos os meses chegam, em média, 350 desses animais no CCZ com os sintomas. Desses, pelos menos 245 são diagnosticados com a doença e sacrificados. No ano passado, mais de 3 mil cachorros passaram pela eutanásia no município.
Apesar de existir tratamento para a leishmaniose, não há cura. “Mesmo durante o tratamento, o animal pode transmitir a doença para o ser humano”, completou.

http://www.jptl.com.br/?pag=ver_noticia&id=51530

Matar cães, além de ato criminoso, não combate a leishmaniose




Matar cães, além de ato criminoso, não combate a leishmaniose


No primeiro ano em que se celebra a Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose (6 a 10 de agosto), vieram à tona ações educativas e preventivas e debates sobre as políticas públicas de vigilância e controle da doença. 

Em Porto Alegre, o II Seminário Gaúcho de Leishmaniose, promovido pelo Movimento Gaúcho de Defesa Animal (MGDA), reuniu especialistas nos dias 3 e 4 de agosto para discutir um problema que coloca o Brasil entre os cinco países que mais matam pela doença. “A leishmaniose visceral mata mais do que a dengue e a malária, um número que se aproxima de 250 óbitos por ano no Brasil”, afirma o piauense Carlos Henrique Nery Costa (foto), doutor em Saúde Pública Tropical. Costa foi um dos palestrantes mais aguardados do Seminário, que contou com as presenças do prefeito José Fortunati e da primeira-dama Regina Becker na abertura do evento.

O parasita da leishmaniose é transmitido ao homem por insetos vetores conhecidos como “mosquito-palha”, que, ao picar um mamífero para se alimentar de seu sangue, injeta nele o protozoário na forma promastigota (com um flagelo longo). Para combater o parasita, o organismo humano e de outros mamíferos infectados recrutam células de defesa do sangue, conhecidas como macrófagos, para interceptá-los. Porém, o protozoário consegue se multiplicar no interior dos macrófagos.

Ao romper, os macrófagos liberam essas células na forma amastigota (sem flagelo), que migram pelo corpo humano ou do animal à procura de um tecido onde possam se multiplicar e se estabelecer. E, ao picar um humano ou animal infectado, o mosquito se infecta pelo parasita, fechando o ciclo da doença.

A leishmaniose não é contagiosa nem se transmite diretamente de uma pessoa para outra, nem de um animal para outro, nem dos animais para as pessoas. A transmissão do parasita ocorre através da picada do mosquito fêmea infectado. Na maioria dos casos, o período de incubação é de 2 a 4 meses, mas pode variar de 10 dias a 24 meses.

Leishmaniose Visceral Canil (LVC)
Dos 35,7 milhões de cães “brasileiros”, em torno de 5% apresentam sorologia reagente para leishmaniose nas áreas endêmicas. Diferentemente de países como Portugal e Espanha, onde o tratamento é eficiente, aqui a doença segue sem tratamento e o procedimento recomendado pelo Ministério da Saúde é a eutanásia.

Carlos Henrique Nery Costa reage à medida, uma vez que ainda não foi descoberta uma forma eficaz de combater a doença. Mas uma coisa é certa: não é matando cães. “Pelos meus anos de estudo, estou convencido de que a matança de animais não reduz o risco para as pessoas, nem impede a disseminação da doença. É absurdo e cruel matar cães, pois não existem evidências científicas apoiando esta medida, a qual me oponho vigorosamente. Meu sonho é, sim, a descoberta de uma vacina para humanos”, afirma o especialista.


Dr. Carlos Henrique e Maria Luiza Nunes, do MGDA, com a equipe de veterinários da SEDA: Marcelo Páscoa, Rejane Werwnicz, Kátia Lima e Alexandre Costa


Em 2010 a Organização Panamericana de Saúde publicou uma síntese do conhecimento sobre o assunto mostrando a ineficácia da eutanásia. Além disso, o Código Sanitário Internacional, do qual o Brasil é signatário, exige que toda medida de saúde pública deve ter evidências científicas em seu favor. “Existem fatos muito graves, que são as lições de ignorância e de violência institucionais. Lição da irrelevância do conhecimento científico, de falsidades tomadas como verdades pela mídia, de indiferença às opiniões não oficiais e de banalização da morte, neste caso, de seres inteligentes, sensíveis e amados. Assim, o Brasil comporta-se de forma primitiva e brutal, muito longe das características da nação civilizada e desenvolvida que, um dia, nós, brasileiros, almejamos ser”, desabafa o especialista.

Do ponto de vista epidemiológico, a Leishmaniose canina é considerada mais importante que a doença humana, pois, além de ser mais prevalente, apresenta grande contingente de animais infectados com parasitismo cutâneo, sintomáticos, assintomáticos ou oligossintomáticos, que servem como fonte de infecção para os insetos vetores, sendo um importante elo na transmissão da doença para o homem.

Existem atualmente duas vacinas anti-leishmaniose visceral disponíveis no mercado: Leishmune e a Leish-Tec. Embora tenham registros de comercialização autorizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), os testes para determinar a segurança, a eficácia, a inocuidade, a proteção, a infecção e a imunicidade destas vacinas ainda não foram concluídos. As empresas produtoras destas vacinas possuem registro provisório e prazo estipulado de 36 meses, a partir da data de publicação da Instrução Normativa Interministerial nº 31 (MAPA e Ministério da Saúde).

Sintomas da leishmaniose
Os principais sintomas da Leishmaniose Visceral são febre intermitente com semanas de duração, fraqueza, perda de apetite, emagrecimento, anemia, palidez, aumento do baço e do fígado, comprometimento da medula óssea, problemas respiratórios, diarreia, sangramentos na boca e nos intestinos.

Diagnóstico
O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações que podem pôr em risco a vida do paciente. Além dos sinais clínicos, existem exames laboratoriais para confirmar o diagnóstico. Entre eles destacam-se os testes sorológicos (Elisa e reação de imunofluorescência), e de punção da medula óssea para detectar a presença do parasita e de anticorpos.

É de extrema importância estabelecer o diagnóstico diferencial, porque os sintomas da leishmaniose visceral são muito parecidos com os da malária, esquistossomose, doença de Chagas, febre tifóide, etc.

Tratamento
Ainda não foi desenvolvida uma vacina contra a Leishmaniose Visceral, que pode ser curada nos homens, mas não nos animais. Os antimoniais pentavalentes, por via endovenosa, são as drogas mais indicadas para o tratamento da Leishmaniose, apesar dos efeitos colaterais adversos.

Em segundo lugar, está a anfotericina B, cujo inconveniente maior é o alto preço do medicamento. Uma nova droga, a miltefosina, por via oral, tem-se mostrado eficaz no tratamento dessa moléstia.
A regressão dos sintomas é sinal de que a doença foi pelo menos controlada, uma vez que pode recidivar até seis meses depois de terminado o tratamento.

Recomendações

Mantenha a casa limpa e o pátio livre dos criadores de insetos. O "mosquito-palha" vive nas proximidades das residências, preferencialmente em lugares úmidos, mais escuros e com acúmulo de material orgânico. Ataca nas primeiras horas do dia ou ao entardecer;
Coloque telas nas janelas e embale sempre o lixo;
Cuide bem da saúde do seu cão. Ele pode se transformar num reservatório doméstico do parasita, que será transmitido para as pessoas próximas e outros animais;
Lembre-se de que os casos de Leishmaniose são de comunicação compulsória ao serviço oficial de saúde.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Mutirão de Encoleiramento contra a Leishmaniose


Nem a chuva atrapalhou. Quem atrapalhou mesmo foi a Rebelde, que ficava rebolando, empurrando todo mundo com seu corpitcho roliço kkkkkkkkkkk.

Chorona, A Briguenta, ficou no carro, de castigo. O castigo imposto pela OBA consiste em ficar n
o quentinho, no colo de um voluntário, escutando música e comendo petisco. Tão ruim, né?

Não conseguimos visitar todas as casas da aldeia. Com chuva, o acesso à maioria delas fica inviável, até perigoso. Então no próximo domingo, no Mutirão Mata-Fome, a ação continua. Apareçam!



Nosso SUPER OBRIGADA à RealPet Distribuidora e à MSD Saúde Animal pela doação de 100 coleiras SCALIBOR, que protegerão nossos amiguinhos da aldeia indígena de Biguaçu contra a Leishmaniose. Uma ação que não beneficiará apenas os patudos, mas todos que lá vivem. Nosso agradecimento especial à Gabriela, Dafne e Renato, que encararam a chuva, a lama e os “ataques” de chamego dos cães com boa-vontade e descontração.





ESPECIALISTA ALERTA SOBRE A LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA E APRESENTA DICAS QUE AUXILIAM NA PREVENÇÃO

ESPECIALISTA ALERTA SOBRE A LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA E APRESENTA DICAS QUE AUXILIAM NA PREVENÇÃO
A disseminação da leishmaniose visceral canina (LVC) é uma realidade em várias regiões brasileiras. Considerada uma doença infecciosa de c
aráter crônico, a leishmaniose visceral (LV) pode afetar animais e humanos, o que a torna uma das principais zoonoses mundiais, com casos notificados em 88 países, distribuídos em quatro continentes. No Brasil, a LV apresenta uma ampla distribuição geográfica, além de ser uma ameaça presente durante todo o ano, em todas as regiões do País.
Confira abaixo as cinco principais dúvidas que envolvem a LVC e alguns métodos que auxiliam na prevenção da doença, comentados pelo Dr. Vitor Márcio Ribeiro, PHD em Parasitologia e Professor de doenças infectocontagiosas na Escola de Veterinária da PUC Minas.

1. O que é leishmaniose visceral canina (LVC) e qual o principal transmissor da doença?
Dr. Victor Márcio Ribeiro: A LVC é uma doença transmitida pelo flebotomíneo Lutzomyia longipalpis, um pequeno inseto alado conhecido popularmente como Mosquito Palha, Cangalhinha ou Birigui, que quando infectado com o protozoário Leishmania infantum, o dissemina para diversos hospedeiros. O cachorro é considerado o principal hospedeiro em ambientes urbanos, entretanto, animais silvestres, gatos e até mesmo o homem podem ser infectados. Segundo dados epidemiológicos do Ministério da Saúde, na última década foram registrados mais de 34 mil casos humanos no país, sendo observados o aumento da taxa de letalidade e a disseminação para novas áreas, incluindo as urbanas, tornando a doença um grave problema de saúde pública no Brasil.

2. Quais são os principais sintomas observados nos animais afetados pela LVC?
Dr. Victor Márcio Ribeiro: É importante salientar que cerca de 60% dos animais infectados não apresentam sintomas. Nos sintomáticos podem ser observadas desde lesões na pele, como descamação e feridas na região do focinho, cotovelo, orelhas e cauda, até sintomas sistêmicos, como apatia, perda de peso, crescimento anormal das unhas, alterações oculares (conjuntivites, inflamações da córnea e pálpebras), artrites, diarreias, vômitos e sangramento intestinal. Nos casos mais graves, pode ocorrer o comprometimento de rins, baço e fígado. Em qualquer dessas situações, a consulta com um especialista médico veterinário se torna essencial.

3. Como a LVC é diagnosticada?
Dr. Victor Márcio Ribeiro: Muitos animais podem estar infectados e não manifestar sintomas. Isso ocorre quando o animal é resistente ao protozoário ou quando a doença está em período de incubação. O diagnóstico só pode ser confirmado por meio de exames laboratoriais, que são solicitados pelo médico veterinário especializado. Somente o médico veterinário esta apto a avaliar o estado de saúde do animal e a interpretar os exames realizados.
4. Meu animal foi diagnosticado com a LVC. E agora?
Dr. Victor Márcio Ribeiro: Para evitar a disseminação dos focos da doença no país e a consequente contaminação dos animais, é importante que os proprietários mantenham atitudes preventivas. Uma delas é a utilização de inseticidas específicos no ambiente ou diretamente nos cães. Entre os inseticidas centrados nos cães, podemos citar o Advantage® Max3, da Saúde Animal da Bayer HealthCare. Esse produto, à base de permetrina, repele o inseto e protege o cão da picada, evitando assim que ele seja infectado. Esse e outros produtos disponíveis no mercado, além da repelência ao inseto transmissor da Leishmania infantum, o que impede as suas picadas, também podem possuir eficácia contra pulgas e carrapatos.

Outras ações preventivas podem minimizar os riscos de transmissão, como por exemplo, evitar passear com o animal ao amanhecer, final da tarde ou durante a noite, períodos em que há maior atividade do inseto transmissor; colocar telas protetoras especiais contra flebotomíneos (seus orifícios são a metade do tamanho usados na proteção contra os mosquitos) em portas e janelas e, nos quintais, retirar matéria orgânica, como raízes, frutas e folhas de plantas no solo, a fim de eliminar criadouros desses insetos. Todas essas ações preventivas minimizam os riscos de contágio do animal, especialmente nas cidades com grande número de casos registrados. No Brasil, também há vacinas que auxiliam na proteção dos cães.

E lembre-se, sempre procure um médico veterinário antes de qualquer decisão sobre a doença. Somente este profissional compreende o quanto o animal é precioso e importante em sua vida.

5. Existem formas de prevenir a contaminação do animal?
Dr. Victor Márcio Ribeiro: Para evitar a disseminação dos focos da doença no país e a consequente contaminação dos animais, é importante que os proprietários mantenham atitudes preventivas. Uma delas é a utilização de inseticidas específicos no ambiente ou diretamente nos cães. Entre os inseticidas centrados nos cães, podemos citar o Advantage® Max3, da Saúde Animal da Bayer HealthCare. Esse produto, à base de permetrina, repele o inseto e protege o cão da picada, evitando assim que ele seja infectado. Esse e outros produtos disponíveis no mercado, além da repelência ao inseto transmissor da Leishmania infantum, o que impede as suas picadas, também podem possuir eficácia contra pulgas e carrapatos.

Outras ações preventivas podem minimizar os riscos de transmissão, como por exemplo, evitar passear com o animal ao amanhecer, final da tarde ou durante a noite, períodos em que há maior atividade do inseto transmissor; colocar telas protetoras especiais contra flebotomíneos (seus orifícios são a metade do tamanho usados na proteção contra os mosquitos) em portas e janelas e, nos quintais, retirar matéria orgânica, como raízes, frutas e folhas de plantas no solo, a fim de eliminar criadouros desses insetos. Todas essas ações preventivas minimizam os riscos de contágio do animal, especialmente nas cidades com grande número de casos registrados.

Sobre Advantage® Max3
A Saúde Animal da Bayer HealthCare disponibiliza no mercado o produto Advantage® Max3, que possui ação repelente contra inseto transmissor da leishmaniose impedindo as picadas, sendo ainda altamente eficaz contra pulgas e carrapatos. A ação do produto dura até quatro semanas, sendo importante uma nova aplicação da pipeta após este período para garantir a sua eficácia. Em regiões endêmicas de leishmaniose é recomendado reaplicar o produto a cada três semanas.


Sobre a Saúde Animal, da Bayer HealthCare
Proteger os animais e beneficiar as pessoas. É com esta missão que a Bayer pesquisa e desenvolve desde 1919 produtos farmacêuticos e de higiene para uso veterinário tanto para animais de companhia, quanto para animais de produção. Atualmente, aproximadamente 100 diferentes produtos são comercializados ao redor do mundo. No Brasil, a área de Saúde Animal atua em duas unidades de negócios: Animais de Companhia (cães e gatos) e Animais de Produção (Aves; Suínos e Aquacultura e Bovinos).
No segmento de Animais de Companhia, a Bayer oferece soluções eficazes e práticas para a saúde e bem-estar dos pets. Os destaques são a linha Drontal®, com a qual a Bayer HealthCare conquistou a liderança no segmento de vermífugos, o antiparasitário Advantage® Max 3 que trata a infestação, previne doenças e protege a saúde dos cães, o Advocate®com tratamento e proteção polivalente, e o vermífugo tópico para gatos Profender® SpotOn®, que combate os vermes adultos e larvas e garante uma aplicação sem estresse.

http://portal.comunique-se.com.br/index.php/releases/especialista-alerta-sobre-a-leishmaniose-visceral-canina-e-apresenta-dicas-que-auxiliam-na-prevencao.html#

Especialistas de MS divergem sobre a eutanásia de cães com leishmaniose


31/07/2012 16h58 - Atualizado em 31/07/2012 16h58
Especialistas de MS divergem sobre a eutanásia de cães com leishmaniose
Presidente do CRMV de Campo Grande diz que tratamento é possível.
Veterinário especialista afirma que pesquisas ainda 
não são conclusivas.

O caso do cão Scooby, que foi arrastado pelo dono até o Centro de Controle de Zoonoses de Campo Grande, levantou outra discussão além dos maus-tratos contra os animais. O bicho foi diagnosticado com leishmanios e a possibilidade de ser sacrificado gerou comoção e divide opiniões de especialistas. Alguns acreditam que somente a eutanásia pode resolver o problema, outros dizem que existe cura.
Para a presidente do Conselho Regional de Medicina
Veterinária (CRMV) de Campo Grande, Sibeli Cação, existe uma ideia errada acerca do cão em relação à doença.

“Tem que ficar bem claro. O que leva à proliferação da doença não é a presença do cão no meio urbano.

Se não existisse nenhum cão em Campo Grande a doença existiria por causa do flebótomo.

Isso que nós queremos alertar à população”, afirma.

A presidente do CRMV diz que já existem comprovações científicas sobre a eficácia do tratamento. “Quando esse animal tem um dono, já foi examinado pelo veterinário, o veterinário entende, dá um diagnóstico de que ele [mascote] pode responder ao tratamento, é perfeitamente possível de ser aplicado.

Não é antiético, desde que seja feito com medicamentos que não são usados para o tratamento da leishmaniose no ser humano e dá resultado”, diz Sibeli.

O médico veterinário doutor em parasitologia Fernando Paiva é contra o tratamento. “Se não houver a eutanásia, a maioria dos cães vão terminar morrendo em condições extremamente drásticas, tristes.

É uma doença que causa imunodeficiência, o animal adquire outras doenças, emagrece, fica numa situação deplorável antes da morte”, diz.

Segundo ele, pesquisas realizadas no Brasil têm resultados animadores.

“Nós estamos com um produto bastante adiantado. Está funcionando in vitro, quer dizer, dentro do laboratório, mas isso ainda demanda mais alguns dois, três anos para que seja confirmado”, explica.

http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2012/07/especialistas-de-ms-divergem-sobre-eutanasia-de-caes-com-leishmaniose.html


Cão Scooby está sendo tratado em clínica particular, afirma prefeito de Campo Grande (MS)

Cão Scooby está sendo tratado em clínica particular, afirma prefeito de Campo Grande (MS)
31 de julho de 2012 às 16:20


Scooby foi salvo de ser morto pelo Estado graças à pressão popular. Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

O cão Scooby, que contraiu leishmaniose, está sendo tratado por uma clínica particular de Campo Grande (MS). O prefeito Nelsinho Trad (PMDB) autorizou que a veterinária dona da clínica levasse o cachorro para o estabelecimento, onde ficará em isolamento, recebendo a medicação por 90 dias.

Scooby ficou conhecido depois que foi arrastado pelo tutor por cerca de 6 quilômetros, do Aero Rancho até o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).

De acordo com o prefeito, durante os três meses a veterinária vai enviar ao CCZ a cada 15 dias relatórios sobre o estado de saúde do Scooby. Depois dos 90 dias, será feito novo exame que comprovará se Scooby foi curado ou não da leishmaniose e, só então, o destino do cão será resolvido.

A maioria dos cães doentes é sacrificada por recomendação do Ministério da Saúde. Scooby virou exceção após mobilizar mais de 11 mil internautas na Capital.

Fonte: Correio do Estado

Nota da Redação: Essa mobilização popular pela vida de Scooby pode ser a primeira de muitas outras mobilizações que, mais adiante, terão o poder de pressionar o Ministério da Saúde a acabar com a política do extermínio de cães, que, além de especista e cruel, é totalmente ineficaz contra a transmissão da leishmaniose visceral.

Dilma Sanciona lei que permite criação dos genéricos veterinários


A criação dos genéricos veterinários e a Leishmaniose

Um projeto de lei sancionado pela Presidente Dilma Rousseff e publicado nesta sexta (20) no diário oficial, irá permitir a criação dos medicamentos genéricos veterinários. O Projeto de 
Lei 1.080/2003 recebeu veto parcial a alguns dispositivos aprovados pelo Congresso Nacional e se transformou n Lei n° 12.689/2012, que altera o Decreto-Lei no 467/1969 e estabelece o medicamento genérico de uso veterinário.

O novo texto dispõe sobre o registro, aquisição pelo poder público, prescrição, fabricação, regime econômico-fiscal, distribuição e dispensação de medicamentos genéricos de uso veterinário. Além disso, a Lei trata de normas para a promoção de programas de desenvolvimento técnico-científico e de incentivo à cooperação técnica para aferição da qualidade e da eficácia de produtos farmacêuticos de uso veterinário.

A lei do genérico veterinário prevê que, para o registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o similar ou genérico veterinário deve comprovar a bioequivalência em relação ao medicamento de referência e atender aos requisitos de taxa de excreção, resíduos e período de carência se usado em animais de consumo.

Avanços – Para Benedito Fortes de Arruda, presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), os genéricos veterinários são um avanço e devem representar melhoria na qualidade dos produtos, além de baratear custos. “Com a nova lei, o Ministério da Agricultura será responsável pela análise fiscal do medicamento genérico, mediante coleta de amostras do produto na indústria e no comércio e, consequentemente, a confirmação da bioequivalência”, afirma Benedito, ressaltando que para cuidar do processo, o MAPA precisará de mais técnicos para atender a demanda de novos registros.

Sugestão – Esperamos que a nova lei sirva para que o Brasil possa avançar também em termos do tratamento de doenças como a leishmaniose viral canina, cujo tratamento é proibido no país, que atualmente é o único que proíbe a medicação aos animais contaminados, recomendando o sacrifício como forma de combate. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o combate e a vacinação de animais, que aliás é de baixo custo (+aqui).

Com a lei do genérico veterinário, quem sabe o país seja pioneiro na fabricação de medicamentos já que a doença é considerada pela organização de pesquisa “Medicamentos para Doenças Negligenciadas” (DNDi, na sigla em inglês) como uma doença "extremamente negligenciada", porque, em razão da prevalência em regiões de extrema pobreza, não há interesse por parte da indústria farmacêutica em desenvolver novos medicamentos para essas doenças, mas nada impede que a indústria dos genéricos passe a produzir remédios similares.

O decreto federal do senado, nº 51.838 de 14 de março de 1963, que condena os animais com Leishmaniose Visceral Canina à eutanásia, tornando o Brasil o único país a matar cães com leishmaniose e para complicar ainda mais há a portaria interministerial nº 1.426 de 11 de julho de 2008, que proíbe o tratamento de cães com a doença com produtos de uso humano ou que não estejam registrados no MAPA.





sábado, 21 de julho de 2012

Leishmaniose tem cura e eutanásia não é tratamento




A leishmaniose é uma doença crônica, de manifestação cutânea ou visceral e tem duas principais formas: “calazar”, ou leishmaniose visceral; e “úlcera de Bauru”, ou leishmaniose tegumentar americana. O tema voltou à discussão, por conta do cãozinho Scooby em Mato Grosso do Sul, que foi arrastado em uma moto pelos donos, por cerca de quatro quilômetros, até o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) onde foi abandonado, por apresentar sintomas da doença (+aqui).
Apesar de a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomendar a eutanásia como forma de controle da leishmaniose, sugerindo o combate e a vacinação de animais, que aliás é de baixo custo, o Brasil ainda mantém a prática. O  decreto federal do senado, nº 51.838  de 14 de março de 1963 condena os animais com Leishmaniose Visceral Canina à eutanásia, tornando o Brasil o único país a matar cães com leishmaniose e há a  portaria interministerial nº 1.426  de 11 de julho de 2008, que proíbe o tratamento de cães com a doença com produtos de uso humano ou que não estejam registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Apesar do que muita gente pensa, o cachorro não é o transmissor da doença, que é transmitida ao homem pela picada do mosquito flebótomo, mais conhecidos como mosquito palha ou birigui. Como o cão é o hospedeiro mais estudado, há a crença de que seja o transmissor. No Brasil as áreas consideradas endêmicas são as regiões Norte e Nordeste, por conta da precariedade de condições sanitárias, mas nos últimos anos houve aumento nos registros na Região Sudeste. Campo Grande é uma das regiões consideradas endêmicas.
Scooby - No caso do Scooby, a Organização Não Governamental (ONG) Abrigo dos Bichos defende que Scooby seja adotado e submetido ao tratamento contra o protozoário. Pela internet Nelson Trad Filho (PMDB), prefeito de Campo Grande, afirmou que iria salvar a vida do Scooby e lançar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Veterinária, para atendimento público e 24 horas, mas na sexta (13) ao fazer o anúncio oficial da UPA, afirmou que teria que consultar o Ministério da Saúde sobre o caso (+aqui).
A ONG tem anuência do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul (CRMV-MS), que reconhece o tratamento e a eficácia dele para o animal. “O dono e o médico veterinário têm de ter a opção de oferecer o tratamento ao animal. Se o animal tem um dono e ele assume a responsabilidade, ele deve ser tratado”, afirma a presidente da entidade, Sibele Cação.
A posição do CRMV também é de que o cão Scooby seja a submetido ao exame de pulsão medular, além do exame de sangue aplicado atualmente pelo CCZ em Campo Grande. “O animal pode ser soro reagente, ter o anticorpos da leishmaniose, no entanto pode ter se defendido da doença”, explica.
Sibele destaca o fato de o CRMV-MS ser a favor da eutanásia para os cães de rua e que se o dono quiser oferecer o tratamento, tem de ser responsabilizado pelo animal. “O dono não pode procurar informações com vizinhos, amigos, é preciso procurar um profissional que vai indicar qual o tratamento mais adequado. Caso contrário ele também vai praticar maus tratos”, destacou.
O Conselho questiona a orientação do Governo Federal, e defende o combate ao mosquito flebótomo, transmissor do protozoário causador da doença. “A culpa não é do cão, mas do mosquito. Ele é que precisa ser combatido e não o cão”, explica Sibele, explicando ainda que a transmissão da zoonose para o homem só se dá através do mosquito.
Até que saia o resultado do novo exame, Scooby continua no CCZ, recebendo tratamento para os ferimentos provocados quando foi arrastado pelo dono. Enquanto a situação não tem uma definição, a ONG mantém uma petição na internet, pedindo que a vida de Scooby seja poupada, se comprometendo a arcar com o tratamento e conseguir um lar para o animal (acesse a petição aqui).
Ministério da Saúde - No Brasil, os CCZ’s adotam a orientação do protocolo do Ministério da Saúde, que determina que em caso de leishmaniose, o animal seja sacrificado, além de proibir qualquer tipo de tratamento. De acordo com dados da pasta, entre 2002 e 2011 foram registrados 34.683 casos em todo país, 3.917 somente em 2011, sendo que 249 pacientes morreram no ano passado.
O Ministério da saúde defende que a redução dos casos de leishmaniose só é possível com o controle do agente transmissor, o mosquito, e também do reservatório, no caso o cão doméstico. De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério, o tratamento não é autorizado, porque quando os cães não são mortos eles continuam transmitindo a doença e que as prefeituras podem decidir sobre o futuro dos animais, mas assumem o risco de transmissão de doenças para a população. O prefeito Trad Filho afirmou que o destino de Scooby depende do resultado de exames que vão confirmar ou não a presença da doença e que, como se trata de uma questão de saúde pública, o protocolo deve ser seguido.
Negligência - A leishmaniose é considerada pela organização de pesquisa “Medicamentos para Doenças Negligenciadas” (DNDi, na sigla em inglês) como uma doença "extremamente negligenciada", porque, em razão da prevalência em regiões de extrema pobreza, não há interesse por parte da indústria farmacêutica em desenvolver novos medicamentos para essas doenças.

Tratamento para cães com leishmaniose não é reconhecido pelo Ministério da Saúde


Cada vez menos os cães diagnosticados com leishmaniose são sacrificados, muitos donos estão optando pelo tratamento da doença. Esta escolha tem divido opiniões na Capital. E a atitude tem preocupado a Secretaria Municipal de Saúde.
“O Ministério da Saúde não tem uma política de tratamento de animais caninos portadores de leishmaniose. A política dele seria o sacrifício, não que a gente ache isso prazeroso, a gente acha isso extremamente chato, desgastante. Não é nossa vocação ficar matando animais, mas a gente atende as portarias do Ministério e uma delas preconiza que casos comprovadamente, depois de dois, três exames, a gente utiliza este recurso sanitário”, afirma o secretário municipal de saúde Leandro Mazina. 
Mesmo sem ter um remédio adequado no Brasil, os vínculos entre cães e donos fazem com que eles busquem um tratamento. “No começo ele tinha alguma lesões, as unhas crescidas e lesões na ponta da orelha, são sintomas clássicos da doença. E depois que eu comecei o tratamento, em 15 dias eu já notei uma melhora significativa, estou continuando o tratamento e vejo que ele melhora. Ela não teve perda de apetite, não emagreceu e também não engordou”, garante o jornalista Guilherme Cavalcante. 
Para o tratamento médicos veterinários utilizam remédios voltados para animais com registro nos orgãos federais que não foram produzidos com essa finalidade e que possuem substâncias que barram o avanço da doença. O Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) ressalta que o profissional que opta pelo por realizar o tratamento não é considerado antiético. 
“Nós entendemos que coexiste o tratamento, o tratamento é eficaz. Quando o animal tem dono e este dono quer tratar do seu animal, ele tem todo o direito, desde que este tratamento seja feito com o médico veterinário, de maneira responsável. Por que esse animal tratado tem que ter um acompanhamento do médico veterinário para o resto da vida dele”, explica a presidente do CRMV Sibele Cação. 
Para uma família que tem uma pessoa infectada com a doença a eutanásia é a melhor opção de tratamento. “Você fica um pouco com raiva de um vizinho que tem um cachorro, por que não é todo mundo que está cuidando do seu animal de estimação. Então você acaba tendo que escolher entre uma vida humana ou a vida de um cachorro”, afirma a tia de Pietro, um menino que foi infectado com apenas nove meses, Elizangêla Andrade Freitas.
Para o jornalista, Guilherme, o dono tem que assumir a responsabilidade de cuidar do seu animal e fazer todos os procedimentos pedidos pelo veterinário corretamente para que a doença não se prolifere.
“No meu caso, eu aceitei a responsabilidade do tratamento, sei que existem horários a serem cumpridos, existe uma alimentação especial que o cão tem que receber e tudo isso é uma questão de disciplina e responsabilidade. O tratamento te que ser encarado por pessoas responsáveis e que procurem um veterinário especializado, que tenha competência para fazer este tipo de tratamento” concluiu.    
(Colaboração de Natalie Malulei, TV MS Record)

POLÊMICA LEISHMANIOSE TRATAMENTO EUTANÁSIA


A leishmaniose no Brasil enquadra-se na categoria de mazela “extremamente negligenciada”.


Saúde
Pesquisadores do Ipen formulam remédio mais eficiente para o tratamento da leishmaniose
Por Fillipe Mauro 20/07/2012

São Paulo (AUN - USP) - Uma equipe de pesquisadores do Centro de Biofármacos do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) descobriu uma forma de elevar a eficiência e reduzir a toxicidade do medicamento mais comumente empregado contra a leishmaniose, doença ainda muito comum nas zonas rurais de países tropicais.
Até hoje, os fármacos mais disseminados para o extermínio dos protozoários do gênero leishmania (os causadores da doença) possuem como princípio ativo átomos de antimônio. Ocorre que, de acordo com a bioquímica Nanci do Nascimento, coordenadora do projeto de pesquisa, “esses compostos são muito tóxicos e matam células saudáveis do organismo”.
Seu objetivo, nesse sentido, “foi aprimorar o tratamento da leishmaniose” e, mais além, “entender como ele funciona”. A cientista esclarece que, antes desse projeto, “não se sabia qual era a farmacocinética do antimônio”. Isso significa que ninguém conhecia ao certo para quais pontos do organismo esse elemento se dirigia. “Nós tornamos o antimônio radioativo e, em seguida, o aplicamos em cobaias animais” para “rastrear seu trajeto” pelo organismo.
A partir daí, o antimônio foi encapsulado em polímeros chamados lipossomos “para melhor direcionar a droga e controlar sua liberação pelo corpo”. “O que observamos foi que a droga encapsulada possuía uma maior eficácia sobre as células infectadas do que aquelas que eram liberadas arbitrariamente no organismo”, conclui.
Questionada sobre o impacto público de seu projeto de pesquisa, Nanci esclarece que o plano “é tornar isso um novo medicamento”. Para a DNDi (Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas, na sigla em inglês), organização sediada em Genebra que monitora a atenção dispensada pelas autoridades de saúde de cada país a doenças tropicais endêmicas, a leishmaniose no Brasil enquadra-se na categoria de mazela “extremamente negligenciada”.

http://www.usp.br/aun/antigo/www/_reeng/materia_imprime.php?cod_materia=1205268